quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

30 ANOS SEM THIERRY SABINE, FUNDADOR DO RALI DAKAR


VOCÊ SABIA QUE O CRIADOR DO RALI DAKAR FOI UM MOTOCICLISTA? 

SEU NOME ERA THIERRY SABINE E HOJE (14), SUA INESPERADA MORTE COMPLETA TRINTA ANOS. CONHEÇA SUA VIDA REPLETA DE AVENTURAS.

Thierry Sabine no Dakar de 1986, o seu último. (Foto: DPPI)
Nascido em Neuilly-sur-Seine subúrbio de Paris, na França em 13 de junho de 1949, Sabine vinha de uma família rica, filho de um dentista e de uma reconhecida antiquária francesa. Entretanto, desde pequeno sempre teve gosto por aventuras. Ainda muito jovem chegou a competir pela seleção francesa em provas de hipismo.
Thierry Sabine nas 24 Horas de Le Mans de 1976.
Thierry Sabine nas 24 Horas de Le Mans de 1976.
Depois, passou a jogar rúgbi por um curto período, mas tudo mudou quando descobriu os esportes a motor. Suas corridas prediletas eram as de longa duração chegando a participar das 24 Horas de Le Mans. Entretanto, gostava mais das motos e, principalmente, correr bem longe do asfalto.
Nos anos 70, Sabine passou a competir de motocicleta nos lendários ralis do deserto africano. Paralelamente passou a se dedicar a organizar eventos na França. Em 1975 criou a prova chamada "l'Enduro du Touquet" (hoje L'Enduropale) que acontece anualmente na Côte d'Opale, considerada a maior corrida enduro com motos da Europa. Mesmo sem perceber desenvolviam-se as qualidades que mais tarde seriam imprescindíveis na criação do Dakar.
Em 1977 participava do rali Abidjan-Nice com uma Yamaha XT 500, quando se perdeu no deserto da Líbia. Os sistemas de resgate ainda eram primários naquela época e após três dias de buscas sem resultados, a direção chegou a declará-lo como desaparecido.
Sabine era apaixonado pela paisagem desértica.
Sabine, no entanto, ainda estava vivo. Desidratado e sem combustível, o francês ficou vagando desorientado e chegou a admitir que o fim estava próximo. Ainda sim ainda tinha forças deslumbrar-se com a paisagem do deserto africano e prometeu a si mesmo que se sobrevivesse iria organizar o maior rali cross-country já visto.
"Eu não tinha bússola ou um relógio, dois dias e duas noites perdidas no deserto, sob um sol que me fez perder o controle de minha mente. Na ausência de sombra eu comecei a produzir uma sensação de claustrofobia... eu entendi que minha vida tinha pouca ou nenhuma valor." (Thierry Sabine)
Largada para o primeiro Paris-Dakar. (Foto: DPPI)
Largada para o primeiro Paris-Dakar. (Foto: DPPI)
Miraculosamente, Sabine foi encontrado, praticamente no limite por um piloto de um pequeno avião. “Meu amigo, daqui para frente, tudo o que você viver será lucro” teria dito o piloto à Sabine quando o resgatou. Foi uma experiência que realmente mudaria a vida do francês até o final de seus dias.
De volta à França, Sabine tratou de por em prática o seu sonho no deserto. Seu objetivo era fazer com que todos passassem pelas dificuldades que sentiu, porém com mais organização e segurança. Em 26 de dezembro de 1978, 170 participantes se alinharam na "Place du Trocadéro" em Paris para a primeira edição do Paris-Dakar. "Um desafio para aqueles que vão, um sonho para aqueles deixados para trás", era o slogan.
Dos 170 participantes que alinharam em Paris, apenas 69 chegaram a Dakar. Entretanto, o sucesso foi imediato. A prova teve um enorme crescimento de popularidade nos anos seguintes, apesar dos constantes problemas sociopolíticos que eram enfrentados nos países africanos. Os veículos também não eram os mais adequados para uma aventura desse tamanho, mas as montadoras abraçaram o desafio como forma aumentar seus próprios limites.
O 'anjo da guarda' dos participantes
Thierry Sabine 3
Resgatar pilotos perdidos se tornou a maior obsessão de Thierry Sabine.
Como criador do Paris Dakar, Sabine se viu ocupado demais para pilotar e precisou se concentrar à organização em tempo integral. Sempre usando um macacão branco no helicóptero de resgate, o francês logo passou a ser considerado o "anjo da guarda" e uma espécie de "pai" esportivo dos participantes, em um evento que se tornava cada vez mais famoso.
Em 1982, por exemplo, um dos ilustres participantes era ninguém menos do que o filho de Margaret Thatcher, primeira ministra britânica... que perdeu-se na oitava etapa da competição! Contudo, Sabine conseguiu resgatá-lo três dias depois. Em 1985, foi a vez do príncipe Albert e da princesa Caroline de Mônaco a se arriscarem, durando apenas dois dias.
Hubert-Auriol
Sabine com Hubert Auriol, um dos maiores pilotos de motos da época que acabou o sucedendo na organização do Dakar.
Na edição de 1986, o Dakar estava maior do que nunca, com a participação de grandes fabricantes e grandes pilotos, oriundos do rali e até da Fórmula 1 como o belga Jacky Ickx, um dos participantes mais assíduos. No dia 14 de janeiro, o evento viva sua décima quarta etapa no Mali. Sabine estava trabalhando com o famoso cantor francês Daniel Balavoine em um projeto para distribuir bombas d'água em aldeias remotas da região.
No final do dia, eles subiram no helicóptero Ecureil para chegar a fase final, a 250 quilômetros de distância. Contudo, começava a acontecer uma tempestade de areia na região e a luminosidade ficava cada vez mais fraca. Apesar de terem pousado a 8 km do objetivo, inexplicavelmente o piloto decidiu decolar novamente, colidindo com uma duna às 19h20min. Todos os ocupantes morreram instantaneamente.
Sua morte foi um choque na época, entristecendo até mesmo quem não tinha intimidade com o Paris-Dakar. Por algum tempo o evento esteve ameaçado de acabar. Mudou de nome e de rota inúmeras vezes, vindo para a América do Sul desde 2009. Apesar de alguns acharem que o Rali não é mais o mesmo, Sabine sem dúvida estaria satisfeito que seu sonho permanece vivo e mais desafiador do que nunca.
No deserto do Ténéré, um memorial foi feito debaixo de uma solitária acácia, hoje conhecida como "Árvore de Thierry Sabine", fazendo referência ao tempo que vagou sozinho pelo deserto. 
Fonte:www.noticiasmotociclisticas.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário, esteja a vontade para acessar todo o conteúdo do blog.